quinta-feira, 28 de junho de 2012

Círios Febris



Deixam no céu uma outra luz mortuária
Cruz e Souza
***

 Tenho inda em vida, horrendo em alta febre,
  Uma visão — presságio insofrido. —
  Doí-me o coração tão comprimido
  Por ser esta a chegada tua fúnebre.

  Perfila das visões, teu vislumbre,
  Magoante, vagueia sem um sentido.
  Fere-me na razão de ser regélido;
  — Sino febril que plange e que assim dobre!  —

  Hirto, o leito repousa finalmente,
  Meu corpo que traz lívidos tormentos,
  Crepitando dois círios lentamente...

  Então a Morte vem tão de mansinho,
  E eu digo de meus célicos lamentos:
  — Crepite-me também neste alvarinho.
 
  ***
Felipe Valle

  São Paulo,
  26 de Junho de 2012.

  * Versos decassílabos no ritmo Heroico (6ª e 10ª).

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