Dedos teus, lívidos, clamando enfim,
D'um meneio breve, mas d'agéis desígnios,
Pelo ar pousam, e mitiga suplícios,
Guiando a ventura, ou quem sabe o fim!
Elevam-se ao céu, fora ave ao confim
Ruflando sombria, por outros domínios.
Virtuosas mãos, que partem com desmaios,
E um pouco dessa dor adentra em mim.
Dentre a visão de imaculado alívio,
Tuas mãos se perdem noutro maior temor,
Sem encontrar consolo em tempo frio.
Bem aqui dentro, que enfim desolo,
Sem ter a ciência se inda sentirei o calor
Das mãos que dadivam a mim consolo.
* Versos decassílabos no ritmo Sáfico (4ª, 8ª e 10ª).
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